Capas BÁSICAS

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sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Entrevista capa do mês - Mouhamed Harfouch


Fotos Rodrigo Lopez

Ele é o assunto do momento! Todas querem vê-lo no teatro atuando, cantando e tirando a roupa .. Opa! Tirando a roupa? Sim, Mouhamed Harfouch está no musical "Ou Tudo ou Nada", no Theatro Net Rio, encantando a todos com um show de interpretação e, no final, fazendo um belo strip-tease! Ufa! Na edição da Básica de dezembro, saiba mais sobre a vida e carreira desse grande ator.


1- Você é formado em direito.  Já chegou a exercer a profissão?

Exerci como estagiário. Nos tempos de faculdade vivia uma vida de triatleta! (risos) Estudava de 7:00 às 11:00, depois ia para o primeiro estagio no INSS e depois ia para outro estágio na FUNASA. Depois de cumprir o expediente de estudante de Direito, corria para os ensaios da minha Cia. de teatro na época e a;i ficava até quase 2:00 da manhã. Como ganhava muito pouco nos estágios e praticamente nada no teatro, fazia grande parte dos trajetos a pé para economizar nas passagens de ônibus! Não era moleza....tudo de terno e gravata! 


2- Quando você percebeu que tinha o dom artístico e que queria ser ator?

Na verdade essa percepção veio pelos parentes inicialmente. Minha lembrança remete as brincadeiras com primos na casa da minha vó, dos meus tios...sempre nos juntávamos e brincávamos de improvisar. Todos me achavam muito engraçado, criativo. Era disputado pelas primas na hora de brincar! (risos) Tudo isso espontaneamente, sem nunca termos ido ao teatro ou algum curso. Quer aprender teatro, basta olhar para uma criança brincando. A Capacidade que ela tem adentrar a uma realidade e acreditar nela é fantástica. Ela passa a mão no vento e faz-se um copo, gira os braços e estamos numa floresta a espreita do lobo-mau. Isso é teatro puro! Crescemos e ficamos caretas...Vejo isso hoje claramente olhando para a minha filha. Tento não perder esse olhar. 


3- Você sentiu alguma dificuldade no início de sua carreira para papéis que não fossem de descendência árabe?

Imagina! Na verdade tenho 20 anos de teatro e nunca fiz um papel de árabe nos palcos. E nunca me associaram a esses papéis por causa do nome. E nem mesmo na TV. Porque meu primeiro papel na TV foi no extinto programa "Você Decide". Protagonizei um episódio chamado o "O Meu Guri". E não tinha absolutamente nada com isso. Depois que fiz a primeira novela em que entrei para uma participação de 10 capítulos e acabei ficando a novela inteira devido ao sucesso do personagem junto ao público e que esta associação começou a ocorrer. Interpretava o Argelino Hussein, na novela "Pé na Jaca". Fiz outros trabalhos na TV sem relação com minha ascendência, mas aí veio "Cordel Encantado"e o papel do mulherengo Farid/Said/Tufik que fez sucesso também. Era um personagem muito querido do público. Aí essa associação ficou ainda mais forte por causa dos trabalhos na TV.  Mas acredito que já me descolei um pouco disto. Meus últimos dois trabalhos na TV (Dupla Identidade e Verdades Secretas) me possibilitaram isso.


4- Protagonista vilão ou mocinho? Qual você gostaria de fazer?

Qualquer um. É claro que vilão é um personagem mais ativo, pois desencadeia normalmente as tormentas pelas quais os mocinhos vão ter que nadar para não se afogarem. Mas, ambos mocinhos ou vilões, são extremamente difíceis e perigosos pelo risco de cairmos na caricatura. No arquétipo de bom ou mal. Isso é antigo. Gosto mais do que vemos em seriados hoje em dia como em Breaking Bad, Game Off Thrones e outros tantos... Personagens que são bons e maus. Que transitam por esses polos e fazem com o que o espectador não tenha uma opinião única da personagem. Onde há luz, há sombra. Não há um sem o outro, e isso é mais humano e mais sofisticado. Portanto, quero fazer mocinhos ou vilões que me possibilitem isso.


5- Qual foi o papel na TV que você fez que mais te marcou?

Sem dúvida o Farid, Tufik, Said de Cordel Encantado, novela de Thelma Guedes e Duca Rachid. Depois desse papel minha vida deu uma boa mudada. Não só pelo personagem em si, mas pelo imenso sucesso que fez essa novela. Ela de certa maneira trouxe uma estética e uma linguagem nova para o horário e tive a sorte de estar com esse timaço. 


6- Atualmente no musical “Ou Tudo Ou Nada” você solta à voz e já agradando a todos. Como você se preparou para este papel? É sua primeira vez cantando no palco?

Fico muito feliz com a repercussão positiva deste trabalho. Nunca me imaginei fazendo um musical. O convite veio da maneira mais inusitada possível: Dentro de um shopping, subindo uma escada rolante onde o produtor da peça Eduardo Bakr me olhou e a primeira coisa que disse foi, você canta? A partir daí, tive que ter muita coragem e uma certa dose de loucura para embarcar nessa. Nunca havia cantado para o público antes. Não dessa maneira, num musical e ainda mais num musical desse porte e protagonizando. Canto a maior parte das músicas e praticamente não saio de cena. Um trabalho que exige um preparo físico e mental enorme. Quando recebi o convite a primeira coisa que pensei foi: Não! Não vou me expor desse jeito. Meu próprio empresário chegou a me aconselhar a não fazer. Ficou com medo e o entendo. Ele tinha razão. Mas se tem uma coisa que um bom escorpião não aceita, é desistir de um desafio. Aquilo de certa maneira me motivou a me testar. Me provar. A sair da minha zona de conforto. Sabia que ia passar maus bocados para tentar vencer este desafio e apostei minhas fichas na superação. Corri para o otorrino que me acompanha até hoje, Dr. Bruno Nirdermeyer, que me deu o aval de que minha saúde vocal estava em dia. Fui na minha professora de canto Karla Boechat e perguntei, o que acha? Ela disse vai em frente Mouhamed! Você consegue! Fiquei 2 meses trabalhando por conta própria com aulas de Fono, canto e muita esteira até começarmos os ensaios que duraram só 5 semanas. E continuo neste processo até hoje! (risos)

Em cena no musical "Ou Tudo Ou Nada"


7- No final da peça, você ao lado de mais cinco atores faz um strip-tease. Você considera esse trabalho desafiador? Como está o assédio da mulherada?

Olha, no mesmo dia em que recebi o convite me enchi de alegria pois tinha assistido ao filme e amado! Quando saí do shopping caiu a ficha: "Pera aí, vou ter que ficar pelado?" Não vou mentir, gelei e disse pra mim mesmo que não faria. Minha mulher achou isso uma tremenda bobagem da minha parte e ela estava certíssima. Uma história humana como essa, de pessoas no limite de suas vidas, tendo que superar seus traumas e medos e não vou contar essa história por medo de vencer meus próprios medos? Nunca! Foi aí que dei a mão ao meu personagem Jerry e disse: Irmão, vamos vencer juntos este desafio e nos superarmos! Só esqueci de um detalhe, o desafio do Jerry era mais simples...ficar pelado. O meu era ficar pelado e cantar! (risos) Mas não me arrependo! Com relação ao assédio, não vou mentir também...existe e aumentou sim. Não só com relação as mulheres, mas muitos homens também me mandam cantadas pelas redes sociais. Sabe, no fundo acho graça de tudo isso. Sou muito bem casado e feliz!  


8- Como você cuida da sua alimentação e boa forma?

 Fui numa nutricionista, que já cuida de mim há 3 anos, a Isabella Côrreia, da LaPrath, e pedi uma alimentação específica para este espetáculo. Porque gasto muita caloria e me sentia fraco entre as sessões. No sábado faço duas quase seguidas. Ela organizou minha dieta para me dar mais energia, mas de uma maneira geral, sempre me alimentei bem. Ajuda muito o fato de não gostar de fumar e não beber muito. Olha, minha vida durante a temporada é vida de atleta. Vou do teatro para casa, da casa para academia, aula de canto, fono e casa, e novamente ao teatro. basicamente isso. Evito eventos sociais onde tenha que falar alto ou por muito tempo. Estou em resguardo mesmo. Não sei o que é sair para beber umas desde agosto e pelo visto vou continuar ainda um bom tempo assim, mas as festas de fim de ano estão aí! (risos)


9- Com quem você ainda gostaria de contracenar no palco?

Nossa, têm tanta gente que gostaria de contracenar no palco! Com todo e qualquer ator que goste de jogar. Trocar. Olhar, de veradade. Que esteja inteiro e não na forma. O Amir Haddad fala uma coisa maravilhosa: Teatro é magia sem truque. Gosto de pensar que a magia nasce da sinceridade dos atores. Mas, não escondo que seria um sonho estar ao lado de Fernanda Montenegro, Nathalia Timberg, Tony Ramos, Antônio Fagundes...enfim, já que é pra sonhar: Paulo Autran! 


10-  O teatro musical está homenageando artistas/cantores importantes da música brasileira. Se você pudesse protagonizar um ídolo para homenagear no palco, quem seria?

Chico Buarque! Seria uma honra!


11- Você é pai da pequena Ana Flor. O que a paternidade representa na sua vida?

A paternidade representa tudo pra mim. A melhor parte de mim, a maior alegria da minha vida. Tudo que faço hoje é pra ela, pensado nela e por ela. E ela me acompanha em tudo. 


12- Como o ator Mouhamed Harfouch gostaria de ser lembrado daqui a 30 anos?

Nossa...sei lá. Dizem que Brasileiro tem memória curta, né? Bom, mas acho que como um cara que vive da sua arte. Atuante, que se arrisca, se joga e é feliz. Um cara que não sobrevive, mas vive do que ama fazer! Já é coisa pra caramba, não vão lembrar!  (risos)


13- Quais são seus projetos para 2016?

Para 2016, continuar "Ou tudo ou Ou Nada" Brasil afora e depois, montar o meu monólogo com direção de Amir Haddad. Escrevi junto com um amigo, Moisés Liporage e o texto está finalmente acabado. Esse será, sem dúvida, meu próximo desafio nos palcos!


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